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Cozinha afetiva natalina: pode ou não pode?

Cozinha afetiva, comfort food e tudo que associa alimentação e amor, hoje é uma tendência, mas eu diria que é mais uma espécie de resgate.

De onde vem a sua comida, como ela foi feita, o que tem dentro e quais os ingredientes são questionamentos interessantes para começarmos a pensar nesse assunto. Além disso, mais algumas reflexões: qual a história dessa receita, quem fez, quem comia, em quais situações. Dentro desse papo, acho a ceia natalina um ótimo pretexto para abordarmos esses pontos.

Vivemos hoje numa correria danada, sem tempo para nada, quem dirá para fazer algo à moda antiga. O problema é que essa vida no automático está significando a perda das nossas raízes e tradições. Claro, a modernização e a tecnologia são sempre bem-vindas, desde que usadas para agregar.

Seguindo esse pensamento, ao mesmo tempo que estamos nos sentindo cada vez mais vazios, a busca por amor e afeto está aumentando, porém no lugar errado.

O que temos hoje é a onda do fitness-fit-zero-low que vai, em sua maioria, na contramão da cozinha afetiva. Vejo com frequência, tanto no consultório quanto fora dele, pessoas querendo atingir o corpo perfeito (como se ele existisse), comendo o tal do fitness-fit-zero-low para alcançar um objetivo provavelmente inalcançável, muitas vezes sem sucesso e só aumentando o vazio. Além disso, na minha visão de nutricionista, essa cultura é muito prejudicial pois muitas vezes está associada à punição, restrição, frustração e raiva. Mas isso é assunto pra outro post.

Comida que carrega significado, memórias e, muitas vezes, segredinhos e truques. Quem nunca pegou uma receita de família, testou mil vezes e nunca deu certo? Vai ver que é porque faltou o segredinho que a sua avó não quis te falar. Isso é comida com afeto, é o que vai nos nutrir emocionalmente. Isso é cozinha afetiva.

Família reunida em volta da mesa, comendo e conversando sem parar. Essa cena faz parte da minha memória pessoal. Algumas vezes por ano fazemos isso, geralmente em datas especiais como dia das mães e Natal. Eu acho até que poderíamos fazer mais vezes, mas essas já são suficientes para me darem o significado de comida e amor.

Mas, afinal, o que significa comer algo que faça parte da sua cozinha afetiva?

Geralmente as pessoas me falam que lembram com muito amor de preparações tradicionais de família mas que hoje não comem mais porque são receitas muito calóricas e com ingredientes tipo banha, açúcar, manteiga etc.

Bem, vamos lá. O que estou tentando incentivar com esse post é: resgate suas memórias, qual é a sua referência de cozinha com amor? Quais são as suas memórias pessoais de comfort food? Vamos deixar um pouco de lado o valor calórico e enaltecer o valor sentimental. Afinal, você vai não vai comer o pudim da sua mãe ou a lasanha da sua avó durante todos os dias de todos os anos.

Então, aqui vai uma sugestão: se reúna com a sua família (ou crie um grupo no WhatsApp, usando a tecnologia para agregar) e pense no cardápio da ceia de Natal colocando as receitas mais tradicionais da família, diga para cada um falar a sua preparação preferida, aquela que tem vontade de comer. Traga de volta receitas esquecidas ou que foram engavetadas por serem “muito calóricas para os dias de hoje”.

O mundo já tem tanta coisa ruim… Por que desperdiçar um momento desses!

Mas, se você quiser manter o equilíbrio nessas escolhas do cardápio da ceia de Natal, pode pensar em incluir 1 ou 2 opções de cada grupo alimentar: proteínas (carnes de uma forma geral), carboidratos (arroz, risotos e massas) e claro, não esquecendo da saladona caprichada e das frutas como opção de sobremesa.

Comida afetiva tem tudo a ver com a cozinha lotada de gente, cada um fazendo uma coisa e, claro, alguns só observando e aprendendo. E o Natal é uma ótima oportunidade para isso. 🙂

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Raquel Labonia
 é uma nutricionista completamente apaixonada pelo que faz e com intensa e incansável vontade de fazer a diferença no mundo. Motivada por essa inquietude, em 2015 criou a WellMove (abreviação de Wellness Movement), que representa um Movimento Pelo Bem-Estar em seu sentido mais amplo. Estar bem é a harmonia entre o nosso físico, mental e também o ambiente em que vivemos.  Hoje, a WellMove se tornou uma Consultoria em Nutrição e Bem-Estar atuante em diversas áreas, que trabalha com projetos de qualidade de vida, sustentabilidade, comunicação e marketing nutricional e consultas particulares em consultório.

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