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O dia em que eu participei do programa MasterChef

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O programa MasterChef surgiu em 1990, quando eu tinha 8 anos e nem imaginava o que poderia ser um reality show. Duas décadas depois, teve início a primeira edição do Big Brother Brasil e me apaixonei de cara pelo formato de personagens reais estrelando um programa de entretenimento — muita gente já me criticou quando digo que amo BBB, mas o que me fascina mesmo é toda a estrutura envolvida e pensar nas estratégias dos bastidores, como em um jogo de xadrez desenhado com peças humanas em que o público é o principal jogador mas ainda não aprendeu a jogar. Anyways, não vem ao caso.

Alguns anos depois, e após muuuitas variações assistidas, principalmente meus xodós The Real World e The Osbournes da MTV, os de sobreviventes em situações extremas como o No Limite, aqueles de namoro e relacionamento, outros de disputa entre cantores e dançarinos e até de profissionais como o Aprendiz, descobri um novo gênero que me conquistou: o de cozinheiros, que reúne duas de minhas maiores paixões — os shows de realidade e as receitas.

Meus canais preferidos da TV por assinatura são justamente os que veiculam programas como MasterChef e principalmente sua versão infantil, o Junior MasterChef; Cake Boss e Kitchen Boss com o Buddy Valastro; Top Chef; Ace of Cakes; Chef a Domicílio com Curtis Stone e Cozinheiros em Ação do Olivier Anquier — aliás, quando dá também gosto de assistir até o Jogo de Panelas da Ana Maria Braga. Acompanhar as emoções e intrigas de um reality show e de quebra ainda ter ideias de receitas para testar em casa é um combo perfeito, na minha opinião.

Muitas e muitas vezes, assistindo a esses programas, me imaginei dentro das histórias, pensando em como reagiria aos comentários rudes de Gordon Ramsey, no que eu poderia preparar com um trio como Bacon — Mel — Arroz, se emprestaria um ovo ao concorrente que precisasse… mas principalmente tinha vontade de saber como eram os bastidores, as filmagens, a seleção, as preparações, tudo!

Com o anúncio da edição brasileira do MasterChef, a maior competição de culinária do mundo e já presente em 145 países, aquela fantasia distante começou a se aproximar de mim, pelo menos teoricamente. E acabou ficando na teoria mesmo, já que tenho o péssimo costume de me empolgar com alguma coisa, fazer planos mirabolantes para conquistar o mundo e deixá-los morrer no esquecimento — o primeiro passo para melhorar é reconhecer seus erros, certo? 😉

Só que, quando as coisas precisam acontecer, de alguma forma elas acontecem. E eis que, na fria manhã do dia 28 de junho de 2014, lá estava eu e os outros 299 participantes pré-selecionados na Praça Charles Miller, participando da primeira eliminatória do MasterChef Brasil, ao lado da Ana Paula Padrão e dos chefs-jurados Henrique Fogaça, Paola Carosella e Erick Jacquin.

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Mas já que resolvi contar minha saga, vamos começar do começo. Foi uma série de coincidências e fatos aparentemente isolados que acabaram se enrolando por obra do acaso (ou não). Um longo questionário em Word chegou no meu e-mail para que eu participasse de “um concurso de culinária” e eu, despretensiosamente e sem saber exatamente para quê era, o respondi. Aí me pediram um vídeo meu preparando alguma receita e, com preguiça de gravar um especificamente para algo que nem sabia o que era, enviei o link do canal do Cozinhando Para 2 ou 1 no YouTube. E ficou por isso mesmo, morreu o assunto.

Passadas algumas semanas, quando estava fazendo compras no supermercado (olha aí mais uma coincidência!), um moço liga me convidando para participar no dia seguinte de um teste de vídeo com um prato preparado por mim, como continuação do processo de seleção para o tal concurso de culinária. Eu deveria levar os itens já prontos apenas para empratá-los em 5 minutos e poderia, se necessário, usar apenas o microondas nesse tempo para aquecer alguma coisa.

Ah, o desafio. Confesso que meu primeiro pensamento foi agradecer e declinar o convite: pensar e preparar, em menos de 24 horas, um prato digno de uma competição e servi-lo aquecido no microondas? Sem nem saber nada sobre o tal concurso e o que eu poderia ganhar com ele? Mas, nessa hora, um friozinho na barriga me fez aceitar o desafio e decidir ali, em menos de meia hora, qual seria a minha receita e já providenciar os ingredientes para servir um Filé de Salmão Grelhado com molho cítrico e Cuscuz Marroquino com Pesto de Hortelã e Pistache.

Como nada nesta vida é fácil e um pouco de emoção nunca é demais, este teste de vídeo aconteceu bem naquela semana de greve do metrô e manifestações que parou São Paulo pouco antes da Copa do Mundo e no mesmo dia em que tinha agendada uma participação no Você Bonita. Foi uma enorme aventura conseguir sair da Paulista pouco depois de 14h30 após o programa, passar em casa para terminar de preparar minha receita e chegar até a produtora antes das 16h30. Mas consegui!

Depois de sobreviver ao caos que estava a cidade naquela sexta-feira, eis que me sento e recebo o termo de autorização de uso de imagem. Ao bater os olhos no papel, a primeira coisa que leio é um trecho em negrito: provisoriamente chamado MASTERCHEF BRASIL. Imediatamente minha taquicardia sinusal, companheira de aventuras, ditou o ritmo de festa que balança o coração dentro de mim. Fui tomada por um misto de culpa (por não ter dado tanta importância às etapas anteriores) e ansiedade (pelo que poderia estar por vir). Pouco mais de uma hora depois de entrar na sala e responder na frente da câmera infinitas perguntas sobre mim, sobre o porquê de eu cozinhar e sobre o prato que levei, ouvi apenas um “obrigado por comparecer”.

A falta de notícias me fez acreditar que não tinha passado para a próxima fase, mas eis que em exatamente 6 semanas recebi um e-mail com a notícia de que eu estava errada:

Você foi selecionado para participar da
competição MasterChef Brasil!

Coração na boca, milhões de pensamentos de ansiedade e empolgação, a vontade de contar para o mundo e a dúvida cruel: o que servir no “Dia D”? Na mensagem, pouquíssimas informações para quem quer saber como vai ser tudo: levar um prato pronto para ser apenas empratado em uma mesa de apoio e sem poder esquentar nenhum item, assim como todos os acessórios e utensílios necessários para a montagem. Horário? A ser confirmado por telefone. Local? A ser confirmado por telefone. E o telefone que não toca nunca! (Será que está sem sinal? Será que ligaram e eu estava falando com outra pessoa? E se tocar no meio do cinema? Ah, nossa mente que não para de pensar.)

Como sobreviver por 13 dias com tantas questões? Não sei explicar, mas uma tranquilidade incrível tomou conta do meu ser logo em seguida, que só foi definir o que levaria 2 dias antes: um Filé de Frango com especiarias, Purê de Maçã com noz moscada e Ervilhas Frescas na Manteiga de Alho Poró.

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Sinceramente até agora não estou certa de que foi uma boa escolha — às vezes acho que sim, pois ficou lindo e estava tudo MUITO saboroso; em outras acho que era um péssimo prato para competir. Os critérios? Apresentação, sabor e técnica. Não fui um dos 50 participantes que ganharam a colher de pau do MasterChef Brasil, que significava a classificação para a segunda fase eliminatória que selecionou os concorrentes que entraram no programa.

Foi um dia hiper cansativo, repleto de emoções à flor da pele e muita tensão. Mas definitivamente foi a realização de um sonho. Chegar em casa exausta depois uma maratona que começou as 6 da manhã para preparar a comida fresquinha e acondicioná-la em uma bolsa térmica forrada com bolsa de água quente-pelando para ver se mantinha a temperatura, depois esperar por mais de 3 horas na fila quilométrica antes de começar a gravação e continuar em pé até o fim dela não foi nada perto da satisfação de ter sido uma entre tantos concorrentes que desceram aquela escada da praça em frente ao Estádio do Pacaembu, de ser uma das vozes a gritar o nome do programa que vai aparecer durante toda a temporada e de ter presenciado duas amigas blogueiras serem classificadas para a próxima fase.

Após tomar um banho e um chá quentes, deitei no sofá com os pés para cima e fiquei revivendo aquele dia tão improvável há alguns meses. Se eu tivesse apenas assistido às gravações do primeiro episódio da estreia no Brasil de um dos meus programas mais queridos já teria sido especial. Agora, ter PARTICIPADO desse momento e ter ficado entre os 300 melhores cozinheiros amadores do país realmente é uma experiência que vou levar para o resto da vida.

De lá até hoje ouvi milhões de comentários sobre uma suposta trama com cartas marcadas, de pessoas que levaram comida comprada pronta no teste, de outras que já chegaram no dia com entrevista gravada com a família na semana anterior, teorias da conspiração e suposições mil. Mas sabe que para mim nada disso importa? Posso mesmo estar deslumbrada, porém eu me contento (e muito) com o fato de ter estado lá, de ter vivido aquele dia e de ter mais uma experiência de vida para contar.

Ah, e antes de terminar, acho legal dizer que meu objetivo nunca foi virar chef — sempre repito que esta não é uma vontade que tenho –, mas se eu, por um acaso do destino, ganhasse os R$ 150 mil do prêmio (de que aliás eu nem sabia quando embarquei na aventura!), montaria um espaço para compartilhar conhecimento sobre comida e alimentação, com muitos cursos e palestras. Presente para mim e para muitas outras pessoas. Imagina que legal? 🙂

A primeira temporada do MasterChef Brasil começa a ser exibida em todo o país pela Band a partir da próxima terça-feira, dia 2, às 22h45. Não sei se apareço em algum momento do primeiro episódio, mas dois colegas foram aprovados ao meu lado então é possível que sim.

Well… ano que vem está quase aí, quem sabe não participo novamente? 😉

É aquariana, curiosa, jornalista e tem uma infinidade de interesses — entre eles, a culinária. Não é chef (nem pretende ser) mas a necessidade de morar sozinha a fez experimentar a alquimia das panelas e descobrir que o fogão não é um bicho de quatro bocas.

12 Comentários

  • miriam

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    pode não querer ser chef, mas escreve bem à beça e acabará uma boa escritora…

  • soninha

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    Lu, acompanho vc com muito carinho !
    Adoro o vc bonita, mas nem sempre consigo assistir devido ao horário.
    “Achei” vc na net sozinha, procurando receitas fáceis, práticas e “pequenas” para evitar desperdícios e manter o peso.
    Tava cansada de receitas gigantes (daí eu ficar 3, 4 dias comendo a mesma coisa e engordando muitooooooooo).
    Quando descobri o Cozinhando pra 2ou1 e fiz a primeira receita, virei sua fã (de carteirinha) !!!
    Enfim tudo isso é para dizer q estou muito, mas muito orgulhosa de vc !
    Parabéns, de verdade !
    Realmente ficar entre os 300 entre 200 milhões de brasileiros (jogando honestamente), não é prá qq um.
    bjs

  • Luciana C.

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    Poxa, obrigada, Miriam. ♥
    Vc não sabe como me deixou feliz!

  • Luciana C.

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    Soninha, muito obrigada!
    São comentários como o seu que me fazem acreditar que estou no caminho certo e que devo continuar. Manter este cantinho atualizado dá trabalho, sim, mas também dá tanto prazer e coisas boas que não tem como evitar — já não consigo viver sem ele.
    Obrigada pelo apoio, por acompanhar meu trabalho e por voltar sempre aqui.
    Grande beijo!

  • Glaucia lima

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    Olá, gostei muito de tudo que vc escreveu. Me identifiquei em muitos momentos.

  • Luciana Camara

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    Que legal Lu. Sua estória, seu texto, tudo perfeito. Vá em frente e Parabéns mesmo assim!

  • Luciana C.

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    Obrigada pelo apoio sempre, Lu. 🙂
    Sempre em frente. Beijão!

  • Adriana Freitas

    /

    Oi Lu!

    Não desista de participar de outros concursos, você é ótima, entro no seu blog diariamente e já fiz várias receitas, todas deram super certo.

    Continue sempre com essa simpatia, porque talento você tem de sobra.

    PS: Ontem você apareceu no programa Master Chef

    Bjos,
    Adriana Freitas

  • Luciana C.

    /

    Adriana, você realmente me deixou super feliz com seu comentário. 🙂
    Sim, muitas pessoas me viram, mas acredita que meu sinal da TV estava ruim e eu só consegui assistir direito nos vídeos do site da Band? Foi uma experiência única, super especial na minha vida.
    E obrigada mesmo, de verdade. Volta sempre! <3

  • Pedro Souza

    /

    Para mim carta marcada e vence a Elisa. Perdi a vontade de ver esse programa. Vejam, hoje é dia 24/11 e digo que vence a Elisa. Espero estar errado, mas tudo indica que ela vencerá, não pelo talento, mas tem caroço nesse angu rsssss.

  • Luciana Carpinelli

    /

    Pedro, se a Elisa ganhar, acho até justo. Ela tem evoluído muito nos últimos desafios, os pratos dela estão cada vez melhores. Acharia muito mais injusto se outras pessoas ali que estão escapando na sorte e na prática não fazem nenhum prato muito bom.

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